14.11.15

392 anos de Gurupá, tradição e riqueza!!!

GURUPÁ 392 ANOS DE CULTURA E RIQUEZA: POPULAÇÃO FESTEJA ANIVERSÁRIO DO MUNICÍPIO com bolo, fogos de artifício e vários shows na Praça Mariocay e no estádio Palhetão.’ Um dos lugares mais antigos do arquipélago do Marajó e região do Xingu, que há quase quatro séculos encanta nativos e estrangeiros, moradores e turistas, seja pela beleza natural, seja pela riqueza histórica e patrimonial. Quem conhece, nunca mais esquece, seja quem nasceu aqui ou quem chegou depois. A riqueza que vem da floresta, das palmeiras de açaí, das gigantes castanheiras, das dezenas de rios e furos, das várias espécies de peixes, do maior rio caudaloso do mundo. A cultura revelada através dos séculos, na história do seu povo, na imigração que até hoje não para. Por esses e outros motivos, o tema da festa não podia ser outro. Gurupá: 392 anos de cultura e riqueza, desvelada desde os princípios da ocupação dos povos primitivos, os quais a História registra a partir da presença dos índios da tribo Mariocay (ou Maru cai, como os holandeses chamavam). Mesmo nome que recebe a praça central da cidade, onde as tribos contemporâneas de famílias, estudantes, senhores e senhoras, mototaxistas, católicos e evangélicos... se reuniram para celebrar mais um aniversário. O público lotou o anfiteatro da praça, um dos dois palcos da festa conduzida pelos apresentadores Wilson Fernandes e Jefferson Lobato. Na terça (10), a sequência das apresentações abriu com o grupo Frutos da Terra, formado por servidores e alunos da escola municipal do rio Mararuzinho, que dançaram a Lenda do Uirapuru e o Canto da Sereia. Os jovens do grupo Arte de Rua mostraram o que sabem na arte da capoeira. O Agressive Project, grupo de oito jovens da cidade que manifestaram na arte do hip hop o amor por Gurupá. A diversão seguiu com os cantores Carlinhos Black, Alcir Pantoja e as performances dos grupos Revelação, do rio Marioni, Zumba da Arena, Metralha do Funk e as crianças e adolescentes do projeto social Junto e Misturado. Os fogos de artifício anunciaram a música de parabéns que a população cantou para o aniversariante, com direito a bolo de um metro distribuído às crianças, já na quarta-feira de aniversário, quando o grupo artístico do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) apresentou a história do município, destacando os elementos humanos formadores da história local: a exploração e escravização do índio e do negro, a miscigenação produzida pela colonização, originando os combates protagonizados pelo invasor europeu que escravizou o nativo encontrado e o negro importado. O CRAS também destacou o trabalho dos seringueiros, dos pescadores, das missões religiosas, dos judeus e da luta dos movimentos sociais que, assim como os outros elementos humanos, contribuíram para a construção de um futuro que chegou 392 anos depois. As apresentações da terça-feira foram encerradas com o grupo de dança da escola municipal Mariocay, no melhor estilo carimbó e siriá, e do grupo de personagens infantis Caravana da Alegria. O prefeito Raimundo Nogueira agradeceu a Deus pela oportunidade que o povo tem de comemorar mais um ano de existência do município, que mudou muito nas últimas décadas, ressaltado pelo prefeito. “Hoje vemos que o município e a vida das pessoas mudaram para melhor, mas ainda tem gente que desconhece nossa luta e nossa caminhada. É importante sabermos disso para o povo compreender que não foi fácil chegar aonde chegamos”, disse o prefeito, reconhecendo que há ainda muito o que fazer por Gurupá. “Temos consciência dos problemas que enfrentamos todos os dias, pois conheço esse município de ponta a ponta, cidade e interior, sei o quanto melhorou. Nossos problemas são muitos para resolver, mas sei também que avançamos muito. Continuemos em busca de melhorias para o nosso povo”. O prefeito também fez questão de esclarecer ao público, que o recurso utilizado na realização das festas não foi dinheiro da prefeitura, foi adquirido em parceria com o Consórcio Norte Energia, da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Durante o dia, em seu pronunciamento na Rádio Educadora FM de Gurupá, Nogueira reconheceu as dificuldades que o município enfrenta, mas enfatizou os avanços na educação, mencionando os 70% dos professores que hoje possuem nível superior e a entrada do pólo da Universidade Aberta (UAB), uma parceria da Prefeitura com as universidades Federal e Estadual (UFPA e UEPA) para implementar o ensino superior em Gurupá. Ele falou da prestação de contas dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e da saúde (receitas e despesas) que vem fazendo nas comunidades da cidade e da zona rural, e das obras que estão acontecendo no município, como reforma de escolas e construção de quadras poliesportivas, processos de recuperação de ruas e vias, construção de unidades básicas de saúde, e das que estão previstas para iniciar, como a retomada da Academia da Saúde ainda para este ano, três creches nos bairros Brasil Norte, Casas Populares e Xingu, e mais uma quadra esportiva na escola Padre Giullio Lupi. Falou ainda do projeto de abastecimento de água orçado em R$ 5 milhões para amenizar o problema da água em Gurupá, e mais escavação de três poços nos bairros Brasil Norte, Julieta e Horto, para dar melhores condições de vida aos gurupaenses. Nogueira aproveitou também para pedir o apoio da população no combate ao desperdício de água na cidade. Ainda na Praça Mariocay, o vice-prefeito Manoel Chico destacou que a diversidade do povo de Gurupá é que faz a diferença nas transformações sociais que estão acontecendo no município, com o trabalho e o conhecimento de cada um. Assim como o secretário municipal de Cultura, Claudinei Alves, que frisou a cultura e a riqueza de Gurupá como produtos da simplicidade do povo gurupaense, e as lutas que constroem a história do município. E como festa de aniversário é só uma vez por ano, as comemorações não podiam parar por aí. Depois da praça, o público foi ao Palhetão, onde a banda da Igreja Quadrangular abriu o show no estádio municipal, na terça-feira, com apresentação de músicas evangélicas, na megaestrutura de palco, som e iluminação da Reton Sonorização Profissional. O tradicional grupo Pau e Corda, formado por cinco senhores artistas que há mais de vinte anos tocam estilos variados como carimbó, valsa e marchinha de carnaval, se apresentou com o toque do saxofonista Edson Souza. Em seguida, a banda gurupaense Metamorfose continuou a diversão na voz do cantor Fernandinho Pessoa, que passou o bastão da festa para o grupo Assis e Banda, antes da tão esperada Batalha dos DJs Daka, Raimundinho, Jota Júnior, Wilker e Carlinhos. Tudo conduzido pelos apresentadores Wilson Fernandes e Jefferson Lobato. Já na quarta de aniversário, 11 de novembro, o cantor Carlinhos Black se apresentou antes do esperado show de Thiago Costa e Banda, na noite finalizada com a performance dos DJs Daca e Wilck Balada. Foram dois dias de diversão e alegria que a Prefeitura proporcionou aos gurupaenses, e que ficarão marcados na lembrança de quem participou. Conhecendo mais Gurupá - A colonização da região remete às disputas territoriais durante as Grandes Navegações portuguesas. Segundo o historiador Dércio Gusmán, o navegador inglês John Ley alcançou a região ainda no século XVI (1598) e os holandeses, liderados por Jan de Moor, estabeleceram feitorias de Orange (Maturu) e Nassau (Gomoaru), onde se produzia principalmente cana-de-açúcar e construíram um Forte militar na região da foz do rio Xingu, em busca da defesa da extração das chamadas Drogas do Sertão na região. A colonização portuguesa nessa região foi fortalecida em 1623, com a destruição do já citado forte holandês existente no local pelo militar Maciel Parente, e a consequente mudança de nome para Forte de Santo Antônio de Gurupá, dando origem ao nome atual da cidade. Em 1639, a povoação foi elevada à condição de Vila. Em 1885, foi elevada à condição de cidade, pela Lei 1.209, de 11 de novembro. Hoje é formada pela sede, e pelos distritos de Carrazedo e Itatupã, totalizando cerca de 31 mil habitantes (estimativa do IBGE para 2015). Além desses distritos, devemos destacar também as comunidades localizadas nos rios Marioni, Murupucu, Mararu, Mojú (todos na Ilha Grande de Gurupá), Marajoí, Pucuruí, Gurupá Miri, Ipixuna, entre outras. O município está localizado a uma latitude 01º24'18" sul, e a uma longitude 51º38'24" oeste, a uma altitude de 20 metros. Possui duas unidades de conservação e uso sustentável: Reserva de Desenvolvimento Sustentável Itatupã-Baquiá e Reserva Extrativista Gurupá-Melgaço. O Forte de Gurupá localiza-se na na cidade, próximo à foz do rio Xingú, na margem direita do rio Amazonas, sobre um rochedo em posição elevada, hoje tombado pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1962. Atualmente pode ser visitado, encontrando-se o parapeito de seus muros ornado com antigas peças de ferro, sobre pilares de concreto. Desde junho último passa por processo de restauração, que está na fase de conclusão, custeado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), orçado em quase R$ 2 milhões. Maior parte da população se declara católica e um expressivo número de pessoas que se declaram evangélicas. Em praticamente todas as comunidades do município existe um santo padroeiro, que possui a sua festa específica. O padroeiro oficial da cidade é Santo Antônio, contudo, o mais festejado é São Benedito. Durante quase todo o mês de dezembro, a cidade fica em festa, tendo como dias de destaques de 22 à 27, numa tradição que atrai turistas de todas as cidades vizinhas e até mesmo pessoas de lugares mais distantes. O nome Gurupá, segundo Theodoro Braga, é de origem indígena e significa "Porto de Canoas". Devido esse nome ter surgido na fundação do Forte de Santo Antonio (1623), é que o município comemora seu aniversário a partir da data de fundação do Forte. A História de Gurupá é marcada por lutas e conquistas desde seu povoamento, pois foi palco e grandes batalhas, conflitos e resistências, entre estrangeiros e os povos que aqui viviam, os índios Mariocay (ou Maru cai), por isso o povo de Gurupá traz em suas raízes essa resistência. É um povo que luta pelos seus ideais. Percebemos isso no decorrer de sua história, seja na época dos estrangeiros, na época da borracha contra os patrões, ou na luta dos trabalhadores rurais em prol de seus direitos. Essa história de luta e resistência se reflete nas várias organizações criadas em Gurupá, como as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS), as associações, partidos políticos, sindicatos e pastorais católicas. Texto : Rui Pena

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