
27.11.17
Meu papel na comunidade-autor Gilvandro Torres
Quando comecei a escrever inspirado no XIX Encontro das Comunidades Eclesial de Base no rio Sarapoí no município de Gurupá a convite do meu amigo e companheiro de Militância Social e politica Raimundo Nonato Pimentel, esse foi meu primeiro encontro e com certeza minha conversão espiritual.
Nesse encontro tinha como tema: Igreja mãe de coração aberto com o lema Ceb’s ribeirinha povo de Deus em saída. Esse encontro foi estudado com as lideranças presentes, o Pároco Giulio Lupp e a Irmã Manelina, prestando atenção em todos os debates me deu conta: o que faço pela minha comunidade, o que realmente é meu compromisso.
Esse livro nasceu na necessidade de me dar às repostas que procurava desde o tempo da minha tendência trotskista na época da Militância estudantil nos anos 90.
Espero que esse pequeno relato seja reflexivo as resposta para todos que precisam com método de converter com os pés no chão, o que a cabeça pensa onde os pés pisam, se você pisa no bairro sem saneamento público, você passa a se questionar o porque daquela situação ai nasce o pensar critico o questionar.
A vida em comunidade é uma grande caminhada, um aprendizado permanente, somos chamados a aprender e avançar, abrindo sempre novos caminhos com nossos questionamentos.
“Deus vos ama! Amai-o... Ele está sempre junto a vós, dentro de vós ( Santo Afonso).
Que Cristo encoraje todos nos nesta reflexão: VIVÊNCIA COMUNITÁRIA, onde um vive para o outro, pois é muito importante para nós numa época em que as pessoas se submetem a este sistema capitalista, onde o homem pensa tanto em GANHAR em TER é preciso à gente pensar em SER e SER em função dos outros.
Onde todos tenham um olhar de irmãos onde perdure o amor fraterno, justiça e a paz. Para isso é preciso viver um processo de CONVERSÃO PERMANENTE, porque a vida é um processo dinâmico onde ninguém nasce perfeito aos pouco se corrige, nas quedas, nas falhas enfim somos imperfeitos.
“Devemos amar o nosso próximo, porque ele e amado por Deus! Devemos amar aqueles que Deus ama”( Santo Afonso)
CONVERSÃO: é retomar o caminho que havia perdido, a conversão verdadeira nasce da FIDELIDADE AO CAMINHO, ao projeto de vida. É uma necessidade existencial nesta linha de pensamento podemos observar à CONVERSÃO PESSOAL do teu próximo, as experiências do perdão, as experiências da renovação espiritual só assim poderão entender com clareza que uma caminhada de transformação social só tem futuro se estiver fundamentada numa profunda experiência de conversão pessoal.
A vida sem conversão é um inferno, um fracasso; A dimensão religiosa preenche e radicaliza esse processo, se me converto para o caminho do bem me socializado com meu eu, isso me provoca uma necessidade de entender os seguintes questionamentos:
1- O MEU PAPEL NA COMUNIDADE EM QUE VIVO;
2- MEU COMPROMISSO COM A CAMINHADA;
3- MINHA NECESSIDADE DE VIVER EM COMUNIDADE.
ESSA É A CONVERSÃO.
A vida em comunidade é uma FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO, na medida em que seus membros vão participando intensamente das comunidades, passa a conhecer suas necessidades e sua realidade. Os QUESTIONAMENTOS aparecem essa é a essência de viver em comunidade.
As Comunidades Eclesiais de Base são o porto seguro para tua viagem, para tua caminhada, são através desses questionamentos que se constrói o tecido seguro o resistente.
VIVÊNCIA NA COMUNIDADE: A igreja povo, as CEBs são a presença mais linda, mais verdadeira, mais autentica da igreja base: IGREJA DO POVO.
Deus chama, mas não puxa.
Neste sentido os trabalhos nas comunidades, o povo começa a ter CONSCIÊNCIA dos seus DIREITOS e DEVERES na sociedade e na família. Para isso tem que viver desprendido de bens materiais, viver a realidade, viver o dia a dia fundamentado no VERDADEIRO EVANGELHO. Como uma pessoa simples, popular, trabalhadora, a serviço dos humildes e oprimidos.
O VERDADEIRO EVANGELHO:
“ Quando o povo coloca sua esperança em Deus ele responde com todo o seu amor” SL 34-(20.22)( reflexão)
É aquele que vive o compromisso libertador, onde a igreja é do povo, é a essência da comunidade. É neste trabalho de conscientização que se desenvolve o DESPERTAR CRÍTICO e o COMPROMISSO SOCIOPOLÍTICO das lideranças comunitárias.
Em Gurupá o PODER POLÍTICO LOCAL era concentrado nas mãos de poucas famílias, existia o AVIAMENTO e os LATIFUNDIÁRIOS IMPRODUTIVOS, o povo era extremamente pobre, as famílias tradicionais disputavam acirradamente o poder política, uma década marcada por CONTROLES FAMILIARES onde às eleições eram polarizadas e corrompidas.
Em 1971 sem fazer barulho, sem ligação partidária, a igreja em Gurupá começou a fazer um TRABALHO DE BASE , CONSCIENTIZAÇÃO e ORGANIZAÇÃO POPULAR com a chegada do Vigário Padre Giulio Lupp. Um novo capitulo foi escrito, dessa vez diretamente pelo POVO.
Mais com PERSEVERANÇA de trabalhadores e trabalhadoras rurais que se organizarão e conquistaram o sindicato de sua categoria que estava controlado pelos pelegos da direita. Em 1986 foi um marco de luta sem derramar uma gota de sangue em um acampamento de 54 dias. As comunidades passaram a ter um conhecimento objetivo da realidade, no seu aspecto social, econômico e político tanto que foi das CEBs que em 1992 um trabalhador rural foi eleito Prefeito Municipal de Gurupá. As amaras foram quebradas e os “patrões” destituídos de seus status. Onde o filho do Renamescente de Quilombos se elege Vereador em 1996, onde a mesma luta foi travada na titularização das terras de Quilombos e criação das Reservas Extrativista formando a consciência ambiental. O grito da necessidade de ter uma Educação pública de qualidade no meio rural instituindo o ensino médio.
Essa é a importância das CEBs, a igreja é e será sempre comunidades dos seguidores e seguidoras de Jesus Cristo, uma sociedade capitalista marcada pelo consumismo e individualismo, temos que lutar como Membros das CEBs quanto mais autentico é o sentido que vamos dando a vida mais nos realizamos como pessoa humana. Isso é VIVÊNCIA COMUNITÁRIA.
Lutas e conquista da IGREJA POVO, por décadas inseridas nos movimentos sociais de Gurupá, Conselhos Populares, numa caminhada longa, organizada e reflexiva, portanto hoje as CEBs enfrentam DESAFIOS de manter-se a altura da situação, enfrentando-a de FRENTE, movidas sempre por um grande IDEALISMO CRISTÃO. Um processo de TRABALHO COLETIVO e CONVERSÃO PERMANENTE.
É TEMPO DE SER IGREJA:
Onde as Comunidades Eclesiais de Base é um exemplo de igreja viva, se atualiza se renova a partir da perspectiva de um evangelho de libertação. Uma igreja simples, uma extensão de comunidade, clero e leigos.
Uma IGREJA ABERTA para a realidade, através da teologia da libertação que interpreta os ensinamentos de Jesus Cristo como libertador da opressão e injustiças.
Segundo o Teólogo Professor Leonardo Boff, as comunidades eclesiais de base seriam um NOVO MODO DE SER IGREJA e de experimentar a salvação comunitariamente, o lugar de encontro do POVO OPRIMIDO. Seriam capazes de "REINVENTAR A IGREJA" a partir da FÉ DO POVO.
O sofrimento dos servos de Cristos Jesus está previsto, inevitável, mais faz parte da missão, pois é uma caminhada de fé longa e cheio de desafios, ser SERVO DE JESUS CRISTO , significa um amor fiel, quem aceita e responde este chamado como Saulo se converteu renuncia a sua AUTONOMIA se perder sua IDENTIDADE, pelo contrario esta é a profunda conversão que se encontra a sua verdadeira IDENTIDADE.
Saulo que já não era O PERSEGUIDOR e sim Paulo o SERVO DE JESUS CRISTO em uma carta a Gálatas relata sua experiência: “ JÁ NÃO SOU EU QUE VIVO, MAS É CRISTO QUE VIVE EM MIM.(GL 2,20); Esta reflexão responde as três perguntas da conversão espiritual: 1- O MEU PAPEL NA COMUNIDADE EM QUE VIVO; 2- MEU COMPROMISSO COM A CAMINHADA; 3- MINHA NECESSIDADE DE VIVER EM COMUNIDADE.

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