17.9.15

NAS PALAVRAS DO GRANDE BALUARTE DA CULTURA GURUPAENSE EDGAR PANTOJA DE SOUZA SOBRE A LUTA SINDICAL EM GURUPÁ EM 1986

Organização Político e social do Povo gurupaense Nas reuniões de formação começamos a descobrir que a nossa sociedade é uma sociedade opressora que não existe liberdade democrática para todos neste pais os que tem o poder em mãos oprimem os mais fracos, praticam injustiça, essas atitudes vividas desde a época do descobrimento sobre o regime de Portugal e que a gente ainda esta vivendo. Vejamos alguns exemplos, as terras do Marajoi eram de uma empresa (BMS) Beatriz Moura Serra era uma firma de dois irmãos portugueses, 80% das terras deste rio eram desta firma, ela tornou-se uma grande firma e com grande poder político eles possuem terras em quase todo o Município como se ver até os dias de hoje” essa firma era montada no interior lugar conhecido por Paraíso, ficava na margem direita do rio Amazonas cerca de 40km abaixo da Cidade de Gurupá, toda produção tinha que ser vendida para eles, eles diziam vocês moram nas minhas terras, toda produção arrecadada, se fosse lavoura tirava alguma porcentagem da farinha para pagar o imposto pela terra, da borracha tiravam a tara tudo era fiscalizado quem desviasse a produção o patrão mandava intimar o freguês para falar com ele, e mandava suspender os trabalhos do infrator, como penalidade eram expulsos da terra , e as vezes prisão sendo fichado como ladrão , por que estava roubando as terras do patrão, essa era a realidade da sociedade do Marajoi, se a terra não é de todos mas, é para todos os que nela habitam deve ser um direito universal trabalhar livremente em pedaços do chão que o Senhor nosso Deus nos concede. Começamos a mobilizar os trabalhadores para a formação de um Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá onde o mesmo foi fundado em 26 de janeiro de 1975, era coordenado pelos patrões, não acompanhava as lutas e organizações de interesse dos trabalhadores que estavam do lado dos próprios patrões sendo que eles defendiam seus interesses. Em 1986 criamos a chapa de oposição chamada chapada dois com o tema “unidos Venceremos, já era a terceira eleição que tentávamos mais éramos derrotados como tínhamos certeza que as duas derrotas sofridas era por fraude dos que estavam assumindo o órgão de classe, tivemos que montar uma estratégia uma campanha restrita uma campanha relâmpago, essa organização custou para os trabalhadores rurais de gurupá 54 dias de acampamento e o naufrágio criminoso do B/M. Livramento de propriedade da paróquia de Santo Antonio ocorrido na noite de 28 para 29 de março de 1986, vigiado por um comando da policia militar, que foi pedido pela administração do Município daquela época. A bandeira dois tinha como proposta de trabalho três bandeiras de lutas terra , saúde e produção luta pela posse da terra com a presidência do STR sob o comando dos trabalhadores rurais as delegacias sindicais tiveram prioridade pára defender os seus lotes ou a terra onde trabalha, com isso, criou-se maior divisão entre patrão e freguês, porque o patrão queria impor o direito de mandar na produção do freguês , a produção na maioria das vezes era, o patrão exigia produção que se não fosse alcançada seria conduzida outro coletores para aquela área . Essa era a Idea patronal gerar lucros desenfreados sem os prejuízos as famílias que depois ficavam nas terras sem produção e o impacto ambiental... Decidimos reunir com as delegacias sindicais, e dar suporte para eles negociarem com os patrões, propostas aprovadas pelos trabalhadores. O posseiro teria de tirar a produção para vender aos patrões só retirar o que eles achassem necessário para sua sobrevivência como também pagar na hora da entrega, direito de vender só 30% da produção para o patrão e 5% para o freguês, direito de permanecer na terra. Essas propostas não foram aceitas pelos patrões, reagiram confirmando serem os dono da terra, tentaram meter gente nas áreas ocupadas para tirar a produção foi um dos momentos muito delicados que as comunidades eclesiásticas de base (CEB`s), reunimos o povo para reagir a opressão dos patrões, que sempre vinham acompanhados pelo Ministério Público com base em documentos, escrituras das terras que diziam sendo eles os donos das terras poderiam fazer o que bem entendessem das terras, por outro lado os posseiros estavam vendo as terras sendo devastadas e ainda a insegurança econômica dos companheiros , os patrões só pensavam no lucro vindo do extrativismo, madeira e palmito, e, isto era a primeira economia do homem do campo , quando o patrão via que o freguês tinha uma certa reserva de palmito ou madeira , e que não queria dispor deste recurso por ser a única por ser a única economia , óleo patrão metia gente na terra para retirar a produção sem avisar o poceiro , viveu-se um momento de muita dificuldade e atenção , como resolver está problemática?. O que aconteceria?, às terras dos poceiros eram invadidas a mando daqueles que se diziam donos da terra o poceiro prejudicado tinha que recorrer a Promotoria de Justiça, comunicando a invasão e pedindo providencias, dependendo da queixa formulada a autoridade determinava a suspensão do trabalho, no entanto quando chegava o mandado em poder do acusado à vezes não tinha mais nada na terra até os trabalhadores já tinham saído da terra invadida. Essa forma de defender a terra ao poceiro não deu certo para defender a produção o poceiro precisava reagir para defender sua produção, para isso as delegacias sindicais com as lideranças das comunidades tiveram que reunir com o presidente dão STR e comunicar as autoridades do município o desrespeito a que os trabalhadores eram tratados por parte daqueles que se diziam donos da terra. Assumimos uma proposta de encaminhamento, queríamos negociar com eles a forma de tirar a produção, foi muito difícil, mais eles se conformaram com as nossas posições, varias casas foram queimadas, com ameaça de morte estávamos constantemente pelo Ministério Público pela Delegacia de Policia, a resistência era sempre feita com muito respeito , finalmente, os temo mostrou que os trabalhadores não queriam terra para invadir, mas, para morar e trabalhar como se vê ate os dias de hoje.

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